29 junho 2007

Navegar é preciso


Na década de 50 a expctativa de vida para as mulheres era de 60 anos. Com tudo de bom que o modernimo nos oferece a expectativa hoje é outra e a atenção com os os membros da "melhor idade" é grande por parte de entidades governamentais e particulares em oferecer as condições de um a vida digna, inclusive com a oportunidade de passar aos mais jovens a sua experiência de vida. E o exemplo mostrado pelo Gilberto Dimensteim é maravilhoso dos dois lados da troca.


Aos 80 anos, Chloé Siqueira decidiu virar professora e dar aulas de internet a crianças de quatro a sete anos
A O APRENDER A compor o fundo da tela de seu computador, Chloé Siqueira escolheu uma imagem que lhe parecia transgressora -a famosa foto dos Beatles caminhando pela faixa de pedestres numa rua de Liverpool. É assim que ela própria se sente diante de um computador: aos 80 anos, decidiu virar professora e dar aulas de internet a crianças. "A internet é, para mim, o prazer da conexão humana", resume. Se já é incomum alguém continuar estudando na terceira idade, mais inusitado ainda é começar a dar aulas depois dos 80 anos, quando os professores já estão, há muito tempo, aposentados.
O que ela não supunha é que a sua experiência ganharia escala mundial -isso é o que vai acontecer a partir de hoje.
Formada em Ciências Sociais pela PUC, Chloé nunca parou de estudar. Fez cursos de enfermagem, música, canto, flauta. Por alguns meses, dedicou-se a aprender sobre a vida e a obra de Beethoven. Aposentada como assistente social da Secretaria Estadual da Saúde, tornou-se voluntária do Hospital das Clínicas.
Atualmente, ela não só pratica alongamento e musculação como também participa do coral do shopping Eldorado. "Não tomo remédios, apenas cápsulas de soja", orgulha-se. Há cinco anos, Chloé soube por uma neta que, se quisesse, poderia fazer um curso para aprender a navegar na internet. "Eu tinha até medo de usar teclado." Em pouco tempo, ajudada por adolescentes que estudavam em escolas públicas e privadas, ele já estaria conversando pelo Skype e pelo Messenger com os netos e com alguns amigos que moravam fora do Brasil. Além disso, já usava a rede para fazer compras.
Sua melhor navegação, porém, não foi virtual, mas presencial.
Começou a dar aulas de internet para crianças de quatro a sete anos. "Parece que as crianças de hoje já nascem com um chip na cabeça." Mas Chloé adicionou às aulas vivências de sua infância, combinando os efeitos na tela do computador com histórias e fantoches que ela própria produz. "É como se eles vissem a avó deles brincando com a informática." A brincadeira acabou em coisa séria. Uma empresa americana que produz chips acabou descobrindo a experiência de adolescentes ensinando internet a idosos, que, por sua vez, ensinam crianças. Resolveu fazer um manual, com lançamento previsto para hoje, a fim de replicar o programa em todo o mundo.
Na sua animação, Chloé está vendo nessa disseminação uma oportunidade -a de se comunicar, em dimensão planetária, com idosos que, como ela, fazem da internet uma sala de aula. "Aprendi que, na rede, posso encontrar de tudo um pouco." Não foi só a sensação de travessia constante que a fez colocar na tela aquela foto dos Beatles. Sua maior paixão é a música -e há pouco tempo ela descobriu que poderia, dentro de seu computador, ter a maior discoteca do mundo.

27 junho 2007

O cidadão de amanhã.

Postei comentários e trechos de reportagem referentes a agressão feita a Sirlei Dias de Carvalho com a intenção de comentar dentro do assunto cidadania. “Deslizes” da juventude são absolutamente normais no passado, no presente e no futuro do ser humano mas existem “deslizes” e “deslizes” e a participação dos pais na formação do futuro cidadão neste momento é fundamental. Não quero que a juventude de hoje seja educada nos mesmos moldes da minha educação – há décadas – mas algum ,o básico, tem que ser mantido e não é o que estamos vendo hoje. O pai, e sempre repito, tem todo o direito, dever e a responsabilidade de defender os atos dos filhos mas com uma certa “parcialidade”. Não pode dizer que não tem culpa, que são crianças e que a Sirlei por ser mulher tem a pele mais sensível e uma “pequena agressãozinha” deixa marcas mais fortes. Bater em homens, de preferência pobres e fracos, é válido?. Diz um dos pais que são crianças e não podem ficar presos e a pergunta: se fossem filhos dos empregados e morassem na periferia podem ficar presos?. E o direito à cidadania de todos?. A violência é só a dos outros e principalmente de pretos e pobres?. Quando está dentro do carro com a família e xinga, ofende, desrespeita sinais não está dando o exemplo aos filhos, “às crianças”. Não estão aprendendo a lição dos pais?.

Abaixo um texto da psicanalista Anna Veronica Mautner para reflexão, publicado hoje na Folha.

ANÁLISE

Barbárie à vista?

ANNA VERONICA MAUTNER
COLUNISTA DA FOLHA

Os pais, como todos os adultos, são sim responsáveis pelas violências perpetradas por jovens, que ocorrem cada vez com maior freqüência.
Somos todos culpados ou pelo menos temos a ver com o que está ocorrendo. Deixamo-nos influenciar, sem reagir, pelos efeitos da difusão de uma psicanálise fora do contexto.
Se não estivéssemos imbuídos da idéia de que a origem do erro está lá atrás, na infância, como culpar pais, monitores, babás só por terem acreditado na falácia de que dor, desconforto, vergonha, humilhação etc. são sempre letais ao ego em formação e por isso devem ser evitados a qualquer preço?
O lema é: ninguém deve se ressentir de nada, muito menos seres em formação devem ser magoados. A conseqüência dessa ideologia de tortas raízes vai, passo a passo, gerando seres incapazes de empatia, incapazes de reconhecer o outro como seu semelhante.
Pouco familiarizados com dores, vão infligi-las, sem saber o quanto vai doer. Quero dizer que é preciso sentir que a vergonha, por exemplo, que me machuca, machuca ao outro também. Assim, se eu quiser, até posso humilhar alguém. Mas pelo menos sei o que estou fazendo. E posso calcular a intensidade que eu quero. Quando superpreservamos crianças e jovens de todo medo, de toda frustração, de qualquer fracasso, da humilhação e da vergonha, estamos impedindo que aprendam o quanto dói uma saudade, um fora, uma pancada.
Quando diante de alguém diferente, um outro, desconhecido, de outra galera, ignoramos o que eles têm de semelhante a nós, a agressividade e a violência encontram um campo fértil para aparecer. É aí, onde as pessoas se estranham, que aparecem vigorosos os maus colegas, o mau patrão, o mau chefe e o violento em geral.
Quando alguém se sente ameaçado, reage. É natural. O que surpreende é a discrepância entre estímulo e resposta. E mesmo que ele estranhe algumas coisas nesse outro, existem entre dois seres humanos mais semelhanças do que diferenças. A violência desabrocha onde as pessoas se estranham. Quando estranhamos, pomo-nos a espernear, a bater, para eliminar o ameaçador. A violência é sempre uma resposta ao medo do desconhecido. Quando se transforma em brincadeira, leviandade, estamos diante de uma patologia. Juntando que as novas gerações foram preservadas da maioria dos desconfortos naturais da vida, é natural que tenham muito mais medo de tudo o que é estranho, já que conhecem muito menos do que seria desejável.
Quem estranha muito tem muito medo e perde fácil a estribeira. Estamos a um passo da violência. Barbárie à vista?

ANNA VERONICA MAUTNER é psicanalista, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e colunista da Folha

26 junho 2007

Sirlei Dias Carvalho Pinto

Comentei ontem o espancamento da Empregada Doméstica, por jovens da classe média alta, no Rio de Janeiro e também que acontece em qualquer cidade brasileira. Fui extremamente compassivo com os pais - em respeito - mas ao ouvir e ler as declarações de um deles e a “justificativa” dos garotos (?) não consigo ficar em silencio. Dizem que confundiram com uma prostituta e, daí cara pálida, prostituta é animal e pode ser agredida covardemente? e ainda ser agredida ao mesmo tempo por cinco “homens”?. E vem o pai e diz - não vou colocar entre aspas - eles não são bandidos. queria dizer à sociedade que nós, pais, não temos culpa nisso. eles cometeram erro? cometeram. mas não vai ser justo manter crianças que estão na faculdade, estão estudando, trabalham, presos. é desnecessário, vai marginalizar lá dentro. foi uma coisa feia que eles fizeram? foi. não justifica o que fizeram. mas prender, botar preso, juntar eles com outros bandidos... essas pessoas que têm estudo, que têm caráter, junto com uns caras desses? existem crimes piores.
Vejam só: não tem culpa pela educação que deu ao filho, não acha justo
mante-lo preso. "não justifica juntar com outros bandidos" – ai ele acertou – "e manter junto com caras desses" – os marginais -. E, no momento, pergunto eu qual a diferença entre o filho e os marginais?. Os deslizes da juventude são absolutamente normais em menor ou menor grau de ofensa à sociedade mas tem que servir de lição.

Diz mais: - não é justo prender cinco jovens que estudam, que trabalham, que têm pai e mãe, e juntar com bandidos que a gente não sabe de onde vieram. imagina o sofrimento desses garotos.
É demais ouvir estas afirmações. E pergunto: e se fossem os filhos de sua empregada você teria a mesma reação?, pois mesmo os filhos de empregados você provavelmente não sabe de onde vem e nem quer saber.
As declarações da Empregada Doméstica Sirlei Dias Carvalho Pinto:
"Quero que se faça justiça”. "Eu quero que eles paguem, não sei como", "Mesmo que [as outras mulheres que estavam no ponto de onibus] fossem prostitutas, não tinham que fazer [as agressões]". "Foram muitos chutes, pontapés, socos, cotoveladas”. "Coloquei para proteger o rosto, mas eles ficaram chutando o meu braço."

25 junho 2007

Jovens de classe alta são acusados de agredir doméstica

Quando eu fico aqui repetindo que respeito ao próximo se aprende em casa e que essa educação vai influir no modo de agir do futuro cidadão não quero em absoluto dar “lição de moral” a ninguém e especificamente a pais já que não tenho qualquer experiência direta “na área”. Mas a notícia de que uma empregada doméstica foi agredida por cinco jovens de classe alta do Rio de Janeiro – e vale para qualquer cidade brasileira - pede uma reflexão. Muitas vêzes os pais não tem culpa pois acham que dando aos filhos o que não puderam ter quando eram jovens “liberam a geral” e deixam acontecer sem colocar nenhum tipo de contra partida aos filhos. É muito triste.

A empregada doméstica Sirlei Dias Carvalho Pinto, 32, foi espancada e roubada na madrugada de domingo (24) por cinco jovens na zona oeste do Rio de Janeiro. Os suspeitos são moradores de condomínios de classe alta na Barra da Tijuca, também na zona oeste. Três deles foram presos e dois continuam foragidos.

Sirlei relatou à polícia que estava em um ponto de ônibus da avenida Lúcio Costa, na Barra, perto do apartamento onde trabalha e mora, por volta das 4h30 --ela tinha saído cedo para ir a uma consulta médica--, quando cinco rapazes desceram de um Gol preto.

Os jovens começaram a xingá-la, arrancaram a sua bolsa e começaram a chutá-la na cabeça e na barriga. A agressão foi testemunhada por um taxista que passava pelo local.

Eles também são acusados de ter levado pertences de Sirlei, como o telefone celular e a carteira, que tinha R$ 47.
Após a agressão, Sirlei Pinto conta que foi até a casa onde trabalha e pediu socorro.

Pelo número da placa do Gol, anotada pelo taxista, a polícia localizou Felipe Macedo Nery Neto, 20, estudante de direito.
Ele foi preso e, segundo a polícia, confessou a agressão e forneceu os nomes dos outros quatro acusados.

A partir das informações fornecidas por Nery Neto, foram presos Leonardo de Andrade, 20, técnico de informática, e Júlio Junqueira, 21, estudante de direito.

Na delegacia, Sirlei reconheceu os agressores, depois de ter recebido atendimento médico no hospital Lourenço Jorge, que fica na Barra.

Em depoimento, de acordo com a polícia, os rapazes detidos confessaram as agressões a Sirlei, mas não disseram o motivo da violência.

Os jovens afirmaram que estavam voltando de uma festa, mas, segundo o delegado, não estavam alcoolizados nem drogados. Foi encontrada dentro do carro uma garrafa de metal usada para colocar bebidas.

Os familiares dos jovens presos que estiveram na delegacia não quiseram dar entrevistas e se negaram a comentar as acusações da doméstica.

21 junho 2007

O jeito é apelar ao Vaticano

Como o tema deste blog é Cidadania tenho “falado” aqui do desrespeito ao cidadão no transito e, como não temos como “apelar ao Bispo”, agora podemos tentar seguir os Mandamentos do Motorista criado pelo Vaticano.
Em 36 páginas, o documento chama atenção para o número de mortes em acidentes -1,2 milhão por ano, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde)- e apresenta o ato de conduzir, e tudo que o envolve, como uma questão moral: "Dirigir quer dizer controlar-se".
O Vaticano tece recomendações após alertar para o lado "primitivo" que tende a aflorar nos condutores e se reflete na profusão de "gestos ofensivos" e "blasfêmias" no trânsito e diz que o objetivo do inusual documento, principalmente pela presença do decálogo, é contribuir para a educação dos motoristas. "Pode ser um pouco irreverente, mas não é um sacrilégio", diz Thomas Williams, padre e teólogo da universidade Regina Apostolorum, em Roma.
Além de cometer impropriedades no transito agora o motorista também pode cometer pecados

1 - Não mate.
2 - A rua deve ser para você um meio de comunhão com as pessoas e não uma arma mortal.
3 – Cortesia, correção e prudência vão ajudá-lo a lidar com eventos imprevistos.
4 – Seja caridoso e ajude seu próximo em necessidade, especialmente vítimas de acidentes.
5 – Os carros não devem ser uma expressão de poder e dominação e nem uma ocasião para o pecado.
6 – Convença de maneira caridosa os jovens e os não tão jovens a não dirigir quando não estejam em condição apta a fazê-lo.
7 – Ajude as famílias dos acidentados.
8 – Reuna motoristas culpados e suas vítimas, em um momento apropriado, para que eles possam passar pela experiência libertadora do perdão.
9 – Na rua proteja a parte mais vulnerável.
10 – Sinta-se responsável com o próximo