11 setembro 2007

Cidadania das forças conjuntas

A invenção do Morro do Piolho

Quase ninguém conhece o Morro do Piolho. É uma área pobre do norte da cidade de São Paulo, com pouco saneamento básico, que era dominada pelos traficantes, onde os índices de violência faziam dali uma terra de ninguém --mais precisamente, terra dos marginais.
Falava-se que a polícia não entrava por aquelas vielas e escadões devido aos obstáculos geográficos que impedem o fluxo de viaturas. O Morro do Piolho está prestes a sair do anonimato, ao se candidatar a entrar na história como uma escola, de impacto nacional, contra o crime.
Lançou-se em um dos bairros que circulam o Morro do Piolho --o Jardim Elisa Maria-- uma operação contra a violência jamais vista, nem remotamente, no Brasil. Jamais vista porque se articularam secretarias de esportes, educação, justiça, tecnologia, assistência social, transportes, infra-estrutura, saúde e segurança da prefeitura e do governo estadual.
Não há registro de que tenha ocorrido, no país, uma experiência tão complexa por envolver tantos parceiros num mesmo foco --sem falar que junto com a esfera pública arregimentaram-se organizações locais.
Por isso, o Morro do Piolho entra na história contra o crime, devido à complexidade da experiência. Afinal, cuida-se da escola, passando pela iluminação, limpeza dos córregos, postos de saúde, concessão de bolsas de renda mínima, cursos profissionalizantes, até as bases de policiamento comunitário.
Se for um fracasso, ou seja, se depois da saída da polícia voltarem os mesmos índices de criminalidade, teremos de entender como falhou um programa que envolve tanta gente com habilidades tão diferentes e complementares, atuando na repressão e na prevenção. Aprenderemos como não se deve gerir um plano de segurança.
Se der certo, o Morro do Piolho passa a ser a melhor invenção brasileira de um modelo disponível de integração de forças para gerar segurança nas regiões metropolitanas brasileiras.

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